Ainda sobre você

Não consigo evitar em dizer que você ainda continua bonito. Aliás, consegui verbalizar isso a pouco tempo, sem deixar aquele ranço na garganta. Tentar dizer o contrário me tornaria um mentiroso e, muito pior, um rancoroso. Apesar de tanta introspectividade, tanto vídeo de reflexão, tanto livro de autoajuda, devo confessar que (ainda) sou uma pessoa rancorosa. E admitir isso não me dá nenhuma condecoração.

Mas ver você e sua beleza me faz questionar as coisas ao meu redor, me faz pensar. Por que as coisas são assim? Não te quero, você não me quer. Ótimo assim, nem questiono o contrário. Eu no meu espaço e você no seu, assim, prático. Quando o vejo com outro me dá vontade de abrir o verbo e alertar o inocente: "Ei, cilada, amigo! Sai dessa!" Daí, me lembro e também me lembram que não posso interferir na visão que o outro quer ter de você.

Por que as coisas são assim? Um dia, desejei tê-lo, fiz poemas, fiz preces, ofereci minha casa, me ofertei. E você agiu com a delicadeza de um cavalo segurando porcelana chinesa. Você não tem doçura. Ou será que eu nunca ouvi sua versão da vida? Você teria um novo evangelho? Quais são seus reais problemas? Meus amigos  te desprezam, por você ser você. E qual é a versão que você criou de mim para os outros? Quem sou eu para os teus?

Sabe, não sinto mágoa. Não sinto raiva. Não sinto mais vergonha e nem tenho mais aquele asco do meu passado e do meu histórico no whatsapp. Não sinto nada por você, além de um profundo sentimento de: "será que um dia ele vai... Mudar?"

Espero, de peito aberto e franco, que seus amores prosperem, deem frutos, multipliquem. E que você seja tão feliz que sinta a dor da alegria, que é a expressão máxima da felicidade.

A minha herança pra você é aquele poema. Sabe, aquele poema inocente que mandei pra você assim que as coisas ficaram claras. Apenas ele, e nem mais um pingo de rancor ou ódio, menino bonito. 


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