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Mostrando postagens de fevereiro, 2017

Quando

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Fonte: tumblr Quando voa o inseto noturno, e o monte faz sombra, e as folhas de eucalipto balançam sem parar, e a grama repousa delicadamente ao ser pisada, e a cobra desliza suavemente na terra vermelha e cheias de pedregulhos, que rangem em contato com a sola dos meus sapatos, sua mão desliza delicadamente, pois existe sua presença.  Quando o trovão claro ruge no céu negro e fresco, salpicado por bilhões e bilhões de gotículas de água, e o vento sopra ao leste, levando flores, frutos, caule, tronco, e a minhoca come a terra para abrir a terra, e os portões de aço batem loucamente tocados pela mão invisível de deus, e as saias das mulheres da praça alçam voo, e os papagaios e as aves do paraíso gritam no mato verde, entre frutos maduros e verdes que secam ou queimam a boca, seus olhos olham as belezas microscópicas da beleza terrena e celular. Quando as rosas e as damas-da-noite exalam perfume, e as outras plantas cospem no ar a fragrância da noite, e as bicicletas roda

A lacuna entre nós e o perdão

Na busca de igualar as coisas, de equiparar o dano recebido, da violência cometida, sujeitamos a nos despir da sensatez. Vem a loucura, a dor, o ressentimento, a sensação de impunidade e retira toda nossa capacidade de pensar e perdoar. Voltamos ao período da justiça com as próprias mãos. Mas quando acorrentamos alguém em um poste e o massacramos para satisfazer nosso ímpeto de justiça, nos tornamos o quê? Justiceiros ou algozes? No livro "quatro gigantes da alma", o escritor e psiquiatra Emílio Mira y Lopez comenta que "com extraordinária frequência, um sentimento colérico se disfarça em atitude justiceira, e assim os excessos da vingança tomam o nome de atos reparadores". Nossos ideais de justiça, política e democracia surgiram há muito tempo, mas foram sendo lapidadas pelos interesses e precisões de cada época. Hoje, justiça é sanar o erro cometido mesmo que isso signifique nos transformar no opressor. Democracia atualmente é ter o poder de causar o mesmo da

Pobre de mim, pobre de você

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Decidi por te esquecer. Depois te todo aquele desgaste desnecessário, depois de todo aquele espetáculo encenado por mim, leonino que sou, dono do palco. Desnecessário aquele nosso embate, viu, rapaz?! Tão dispensável a gente ter que suportar a presença um do outro, não acha?! E olha que já conversamos uma vez, mas não resolveu. Até pedi perdão. Eu não quero que você tenha ódio de mim ou desprezo, porque isso consome uma energia muito grande. Uma energia que você poderia usar para realizar seus sonhos pessoais (arrumar um emprego, estudar, crescer); ou para ir atrás daquele rapaz que você vai gostar. Você sempre gosta de algum rapaz. Não me despreze, apesar da sua presença ainda me incomodar. Mas, ainda está tudo recente, corpo caído no chão, vidros quebrados, eu pisando descalço nos cacos, você falando, eu me defendo, eu atacando, você se vitimizando. Chega, meu camarada. Se não for para contar tudo, sabe, tim-tim por tim-tim, acho que nem vale o embate entre nós. Aliás, nenhum em