Apesar do longo romance com as palavras, acha difícil falar de si mesmo para os outros, porém, já dizia Maiakóvski: "O coração tem domicílio no peito./ Comigo a anatomia ficou louca./ Sou todo coração".
Vi uma foto nossa e lembrei como era bom e confortável ter sua companhia, amiga. Engraçado como ainda não consigo te chamar de outra coisa, a não ser AMIGA. Mesmo a gente não sendo mais amigos e nem conhecidos. Agora, somos alheios um ao outro. Sua vida não me interessa e a minha não te interessa, pelo contrário, passa despercebida. Quase sempre nos vemos em festas e sempre fazemos a mesma coisa: fingimos. Fingimos tão bem que parece que nunca fomos amigos. Mas, fomos. E nossa amizade teve um curto espaço de tempo. Nem foi para os aparelhos, porque nem tentamos revivê-la. Na verdade, amiga, até hoje não sei o porquê de tudo ter acontecido. Era bom ter sua companhia doce e afável. Era bom poder nadar na sua piscina de plástico em dias quentes e tomar uma ducha depois, no chuveiro que seu pai colocou na parede de cimento chapiscado. Era bom comer pizzas vegetarianas, mesmo eu odiando "carne" de jaca. Era bom comer alguma coisa de Kefir com pedacinhos de doce que sua
No quintal da minha avó, perto da Praça Santos Reis em Água Boa, existem duas árvores que tomam minha atenção: um pé de laranja-da-terra e um abacateiro. O primeiro, a gente consegue ver bem pertinho das bananeiras de bananas-prata, do cajuzeiro e do pé de uva-japonesa (pau-doce). O segundo encontra-se ao fundo, perto da cerca que delimita a propriedade da minha avó e do lote do fundo, próximo a caixa d'água municipal. As árvores não são extraordinárias: são comuns como quaisquer outras árvores de suas respectivas espécies. As laranjas não são azuis e tampouco os abacates tem gosto cítrico. O que acontece é que, dentro de suas singelezas de árvores, ambas ensinam lições. A laranjeira tem uma grande parte morta: muitos galhos secos, assim como grande parte do seu tronco. Não dá mais frutos, mas continua em pé, com poucos galhos que folham. Minha madrinha disse que ele vai morrer, que é questão de tempo, apesar de estar em posição privilegiada no quintal, sendo molhado to
Não consigo evitar em dizer que você ainda continua bonito. Aliás, consegui verbalizar isso a pouco tempo, sem deixar aquele ranço na garganta. Tentar dizer o contrário me tornaria um mentiroso e, muito pior, um rancoroso. Apesar de tanta introspectividade, tanto vídeo de reflexão, tanto livro de autoajuda, devo confessar que (ainda) sou uma pessoa rancorosa. E admitir isso não me dá nenhuma condecoração. Mas ver você e sua beleza me faz questionar as coisas ao meu redor, me faz pensar. Por que as coisas são assim? Não te quero, você não me quer. Ótimo assim, nem questiono o contrário. Eu no meu espaço e você no seu, assim, prático. Quando o vejo com outro me dá vontade de abrir o verbo e alertar o inocente: "Ei, cilada, amigo! Sai dessa!" Daí, me lembro e também me lembram que não posso interferir na visão que o outro quer ter de você. Por que as coisas são assim? Um dia, desejei tê-lo, fiz poemas, fiz preces, ofereci minha casa, me ofertei. E você agiu com a delica
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